Pesquisa aponta que variante da Covid-19, encontrada no Brasil, pode reinfectar quem já teve a doença

Cientistas da África do Sul evidenciaram que mutações geradas pelo coronavírus podem não neutralizar os anticorpos produzidos pelas pessoas que já foram infectadas pelo vírus da Covid-19, o SARS-CoV-2.

Em resposta à BBC News, o diretor do laboratório Krisp, Tulio de Oliveira, aponta que será necessário realizar mais estudos para verificar o impacto da neutralização que ocorre com os anticorpos no organismo de quem teve a doença.

Pesquisa aponta que variante da Covid-19, encontrada no Brasil, pode reinfectar quem já teve a doença
Fonte: (Reprodução/Internet)

Resultado da pesquisa

Conforme o diretor, os testes realizados nos laboratórios que continham as mutações E484K e N501Y indicaram ‘’zero ou baixa neutralização’’ pelos anticorpos. Essas variantes foram achadas na África do Sul e estavam presentes nas mutações encontradas no Brasil.

Ao encontrar os resultados, Tulio comunicou a Organização Mundial da Saúde (OMS) e compartilhou os dados obtidos, o que possibilitou ao Reino Unido identificar uma nova variante na região.

Há a possibilidade dessas variantes serem mais contagiosas do que a original. Porém, não se sabe se elas são mais letais. De qualquer maneira, é provável que tenha mais morte, em vista do maior número de casos.

Oliveira menciona à BBC News que apesar dos resultados encontrados e dos dados coletados a partir da Covid-19, isso não pode ser uma barreira para suspender as campanhas de vacinações no mundo.

Eficácia das vacinas

Se os resultados do laboratório mostram que essa variante é menos neutralizada pelos anticorpos, isso terá algum efeito na eficácia das vacinas?”, contesta Tulio. O diretor completa, dizendo que o vírus da Covid-19 pode melhor se adaptar à transmissão, caso ele não for parado.

Ele presume que a vacina não irá ser comprometida e caso seja, será pouco. Como as vacinas produzem uma resposta alta em relação a imunologia, o organismo desencadeia muitos anticorpos. Oliveira acrescenta que é uma questão que precisa ser avaliada.

Pesquisa aponta que variante da Covid-19, encontrada no Brasil, pode reinfectar quem já teve a doença
Fonte: (Reprodução/Internet)

É preciso elevar as taxas de vacinação e contar com uma resposta rápida da saúde pública. Assim, o diretor afirma que será possível controlar as infecções e diminuir o número de mortes ocasionadas por essas variantes.

Vírus utilizado

Apesar de, atualmente, vários estudos indicarem que as mutações do coronavírus são neutralizadas por anticorpos, a equipe de Tulio utilizou todas as mutações do vírus para fazer o seu próprio teste.

Em seu estudo, os pesquisadores utilizaram o ‘‘vírus vivo’’ e como resultado, obtiveram que 50% do plasma convalescente não conseguiu neutralizar os anticorpos. Por vez, os outros 50% foram neutralizados em baixo nível.  

‘‘Você infecta as células e depois você o reexpõe ao plasma convalescente, então você considera a taxa de crescimento do vírus e como ele é neutralizado“. Para o diretor, esse é o melhor vírus para testar.

Em relação ao vírus utilizado, a equipe concluiu que essa não é uma boa notícia. Para conseguir neutralizar essa variante, será preciso de 10 a 15 anticorpos a mais, caso for comparar com a mutação antecedente.   

Próximos passos

Tulio de Oliveira acredita que serão necessários mais estudos para conseguir entender, de fato, o impacto dessa variante na imunidade. Ressalta-se que a resposta imunológica também depende das células T.

Pesquisadores relatam que a neutralização mais baixa pode ter causado na África do Sul e em Manaus, o aumento de casos, fazendo com que essas cidades tenham sido bastante atingidas, conforme mostrado nas mídias. 

Ao finalizar, Oliveira diz que é preciso investigar se essa variante tem o poder de causar maiores infecções. Estudos devem começar em breve. A publicação da pesquisa pode ser lida no portal da Krisp.