Consumo de carne no país em 2021 deve seguir o ritmo de décadas passadas

Em 2020, o preço da carne teve um aumento de 18%. Com isso, o consumo desse alimento pelos brasileiros caiu bastante, chegando a atingir um dos menores níveis de consumação em duas décadas.

Isso ocorreu devido à pouca oferta de gado no Brasil e da alta demanda da carne de boi vindo da China. Em vista desse cenário, a expectativa de especialistas no assunto é que o valor dessa proteína permaneça em alta em 2021.

Consumo de carne no país em 2021 deve seguir o ritmo de décadas passadas
Fonte: (Reprodução/Internet)

Consumo em 2020 é o menor em anos

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) afirma que o consumo de carne em 2020 é o menor da história da empresa, que iniciou em 1996. Em relação ao índice mais alto (42,8), que ocorreu no governo Lula, em 2006, houve uma redução de 13,5 kg por habitante.

Ressalta-se que esses números são apenas estimativas, já que a companhia não possui os dados certeiros da produção pecuária em 2020. A Conab mensura o consumo de acordo com o valor interno per capita, diminuindo as exportações e aumentando as importações.

A estimativa da Agrifatto, empresa que analisa a agropecuária, levou em conta tanto a produção informal, quanto a formal. Com isso, a empresa concluiu que a consumação da carne de boi teria diminuído 34kg em 2020, contra 38,2kg em 2019.

Elevação do preço da carne de segunda

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA – o preço da carne bovina aumentou 17,97%, chegando a atingir a alta da inflação, de 4,52%. A proteína que mais subiu de valor foi a carne de segunda, bastante consumida pelas pessoas de baixa renda.

Quem mais sofre nesse cenário são os consumidores“, menciona Rodrigo Queiroz, especialista em agronegócio. A costela, por exemplo, teve alta de 29,74%. O músculo, o acém e o cupim aumentaram, respectivamente,  27,67% , 20,75% e 26,79%.

Consumo de carne no país em 2021 deve seguir o ritmo de décadas passadas
Fonte: (Reprodução/Internet)

 

Somente o filé-mignon teve uma baixa no preço do kg em 2020, atingindo 6,28%. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a picanha e a alcatra ficaram mais caras em 2020. 

Motivos do aumento do preço da carne bovina

Há uma combinação de fatores que explica a alta no preço do boi“, relata Lygia Pimentel, colaboradora da Agrifatto. Para ela, o fator determinante é a pecuária, pois o Brasil abateu diversas fêmeas e, diante disso, o valor do filhote subiu e a oferta de gado abaixou.

Além disso, a China também foi um dos motivos que elevou o preço da proteína no Brasil. Com a alta do dólar, as exportações para a China aumentaram e para outros países, como a Rússia, diminuíram. Dessa forma, houve a redução da oferta, levando à alta do preço.

Vale dizer que, a alta da proteína bovina tem relação com o aumento do valor do boi. No ano passado, a arroba de gado fechou em torno de R$267 reais, uma alta de 29% comparado a 2019.

Expectativas para 2021

Para este ano, as expectativas não são as melhores, pois a demanda da população tem diminuído, além do poder aquisitivo. O preço da carne deve continuar em alta, já que não há tanta oferta. 

A extinção do auxílio emergencial – benefício disponibilizado pelo governo para ajudar famílias durante a pandemia – e o desemprego, atingindo a marca dos 14%, o cidadão deve optar por proteínas mais baratas, como o ovo e o frango. 

Consumo de carne no país em 2021 deve seguir o ritmo de décadas passadas
Fonte: (Reprodução/Internet)

Queiroz completa, dizendo que é esperado uma outra queda do consumo de carne de boi em 2021, podendo igualar-se a patamares de 20 a 30 anos atrás. Tudo depende de como a economia irá andar daqui para frente.

O preço alto deve estender até os próximos anos

A Agrifatto deduz que o valor da carne de boi deve ficar estagnado a menos até a metade de 2022, já que a baixa oferta de boi não é uma questão que pode ser resolvida de maneira rápida e imediata.

Como a produção bovina demora anos para ser entregue, é possível que a elevação do preço continue. Por vez, o Sindifrigo-MT pondera que apesar da possibilidade do aumento da oferta,  o valor da carne não deve voltar como era antes.

Bellicanta, funcionário da empresa citada acima, afirma que o Brasil tem menos animais terminados a pasto, fazendo com que grande parte seja destinado a confinamento. Diante disso, a proteína fica mais cara.

A organização GreenPeace elaborou um vídeo explicativo, em sua página oficial, apontando o impacto da pecuária no país. É possível acessá-lo neste link.